terça-feira, 8 de abril de 2008

Linfogranuloma Venéreo

O linfogranuloma venéreo é uma infecção sexualmente transmissível, também conhecida como doença de Nicolas-Favre (em honra dos dois investigadores que a classificaram no inicio do séc. XX), linfogranuloma inguinal ou linfopatia venérea.
Esta IST é causada pela bactéria Chlamydia trachtomatis, em particular pelos serótipos L1, L2 e L3 (mais frequentemente pelo L2), que se distinguem dos serótipos da bactéria que causam as doenças nos olhos e clamídia genital comum. Esta bactéria infecta o ser humano, penetrando na pele e nas mucosas através de pequenas fissuras existentes.
Esta infecção apresenta uma maior incidência nos homens entre os 20 e os 30 anos e é mais frequente em regiões de África, Ásia e América do Sul, sobretudo nos países em desenvolvimento, dada a falta de informação e de cuidados de saúde.
Em Portugal, o linfogranuloma venéreo não apresenta uma grande percentagem de casos., mas não existem dados estatísticos oficiais.

Transmissão e Epidemiologia
Esta infecção é essencialmente de transmissão sexual. O contágio pode ocorrer desde o momento da contaminação até à cura completa.
É importante, também, referir que em alguns casos o linfogranuloma venéreo pode ser assintomático, podendo, no entanto, ocorrer transmissão.
Os grupos considerados de risco na transmissão desta doença são os indivíduos sexualmente promíscuos (com vários parceiros sexuais) e os homens homossexuais.

Sintomatologia
O período de incubação desta infecção é de 3 a 32 dias.
Numa primeira fase surge, geralmente, uma úlcera (ferida) ou uma pápula (elevação na pele) que cicatriza rápida e espontaneamente e que, muitas das vezes, não é identificada pelo portador.
Numa segunda fase, após 2 a 6 semanas do aparecimento da primeira ferida, surge um bubão, um inchaço doloroso dos gânglios linfáticos (pequenos órgãos pertencentes ao sistema linfático onde se produzem anticorpos), em geral numa das virilhas. No caso de a bactéria estar instalado no recto (por prática de sexo anal), surgirá o edema dos gânglios linfáticos em redor do recto, acompanhado de secreções rectais com sangue, diarreia e dores abdominais.
Este inchaço é frequentemente acompanhado de vermelhidão na pele, febre, falta de apetite e mal-estar generalizado.
Nesta fase dá-se, por vezes, nos dias seguintes ao surgir do bubão, um amolecimento do tecido e consequente aparecimento de fístulas (zonas onde ocorre a comunicação anormal entre dois órgãos), que drenam secreções (estas fístulas nas mulheres surgem entre a vagina e o recto.
Se a infecção não for tratada nesta fase pode evoluir e originar complicações como a elefantíase do pénis e escroto (inchaço acentuado), proctite crónica (inflamação no recto), obstrução dos vasos linfáticos, estreitamento do recto, entre outros. Estas complicações são raras dado que, hoje em dia, a cura é rápida e eficaz.

Diagnóstico
Para detectar esta infecção, podem efectuar-se exames de vários tipos. Os mais utilizados são:
- os testes por PCR, em que se recolhe uma amostra de tecido na zona infectada e se isola o X da bactéria para verificar se o seu genótipo corresponde ao genótipo da bactéria causadora da infecção;
- os testes de fixação de complemento (efectuados na análise ao sangue), que
detectam anticorpos pois estes fixam determinados complementos introduzidos. Este teste possui uma alta sensibilidade mas uma fraca especificidade podendo detectar outros serótipos da bactéria que não os causadores do LGV.
- os exames de microimunofluorescência que correspondem ao método mais sensível dado que detecta e identifica anticorpos específicos para combater os diferentes serótipos da bactéria.

É importante, ao lidar com a possibilidade desta infecção, efectuar um diagnóstico diferencial. Isto porque pode ocorrer erros no diagnóstico, dada a semelhança de sintomas.
Numa 1ª fase o LGV pode assemelhar-se à sífilis ou ao herpes genital, numa 2º fase ao cancro mole, linfomas ou doença da arranhadura do gato e numa 3º fase pode assemelhar-se à elefantíase, doença intestinal inflamatória ou neoplasias (crescimento celular exagerado).

Tratamento
O tratamento desta infecção deve iniciar-se com o rastreio dos anteriores contactos sexuais do doente, para puder colocar esses parceiros em tratamento profiláctico (de prevenção ao aparecimento da infecção).
Por vezes, o tratamento pode ser complicado dadas as flutuações clínicas que existem e a tendência para cura espontânea.
Geralmente, o LGV é tratado por medicação baseada em antibióticos (tetraciclinas e azitromicinas).
Em alguns casos, os gânglios linfáticos podem ser aspirados com agulhas ou pode ser feito o tratamento das fístulas.
Em geral, a resposta ao tratamento é boa e só excepcionalmente ocorrem evoluções para cancros rectais.

Prevenção
Para prevenir esta infecção é essencial o uso do preservativo (embora este não ofereça 100% de segurança, visto que a bactéria pode estar alojada nas zonas envolventes) e uma higiene íntima cuidada, especialmente após as relações sexuais.
Desta forma, o único meio de prevenção 100% seguro é manter uma relação estável com um único parceiro saudável.