segunda-feira, 14 de abril de 2008

Uretrites/Cervicites

O que é?
As uretrites são doenças infecto-contagiosas dos orgãos genitais e urinários, que podem dividir-se em gonocócicas e não gonocócicas. As gonocóciccas são causadas pelo gnococo Neisseria gonorrhoeae, sendo normalmente tratadas por gonorreia (tratada à parte) e as não gonocócicas, ou não específicas, são caudas na sua maioria pela bactéria Chlamydia trachomatis, que quando afecta a mulher surge geralmente como cervicite. Também é muito frequente ocorrerem por ureaplasma urealyticum, originando na mulher as vaginites.
A Chlamydia trachomatis é uma pequena bactéria que só se reproduz dentro das células eucariontes. É constituída por estruturas esféricas com diâmetro de 200 a 400 nm. Não é cultivável in vitro, mas embora dificilmente, desenvolve-se em sistemas celulares de cultura.
A bactéria Ureaplasma urealyticum também é muito pequena e, apesar de não ter parede celular rígida, pode reproduzir-se fora das células. Privilegia a relção de comensalismo.

Transmissão
A uretrite não específica tem um período de incubação entre 15 e 30 dias. A sua transmissão por via sexual ocorre na sua maioria associada às Chlamydia Trachomatis e Ureaplasma urealyticum.


Durante o parto, a infecção materna pode transmitir-se ao recém-nascido.

Sintomatologia
No homem, os sintomas passam pela sensação de falsas vontades de urinar, e provocam dor, ardor, prurido e perda de sangue durante a micção. Pode haver emissão de secreção purulenta. Ás primeiras horas da manhã o or+ificio do pénis costuma ter uma coloração avermelhada e os seus bordos estão colados devido às secreções secas. Calcula-se que entre 10 a 25% dos homens não têm sintomas.
Na mulher, geralmente não provoca sintomas (70% dos casos), a não ser que haja complicações. Porém, pode verificar-se dor ao urinar, micções frequente e dores no baixo ventre (essencialmente durante as relações sexuais), secreções vaginais de muco amarelado e pus.
A pessoa assintomática pode transmitir a doença.
Se a infecção não for tratada, os sintomas existentes desaparecem após cerca de 4 semanas. Todavia, podem gerar-se várias complicações. No homem, pode originar infecção no epididimo, estreitamento da uretra e conjuntivite, que se manifestam por dor nos testículos, obstrução do fluxo da urina e dor e secreção ocular, respectivamente. Na mulher podem originar infecção das trompas de falópio, Infecção do fígado e conjuntivite, que no primeiro caso podem ser reponsável pela sensação de dor, gravidez ectópica e esterilidade, no segundo caso por dor na parte superior do abdómen e no que respeita à conjuntivite, a sensação de dor e secreção ocular. Nos recém nascido pode originar conjuntivite purulenta, rinofaringite e pneumonia.

Diagnóstico
Os sintomas acima enunciados são a base de um primeiro diagnóstico, que é complementado com a realização de exames específicos da urina, serologia ou observação com uso de Microscópio.
São usadas provas de imunofluorescência directa, com recurso a anticorpos monoclonais - simples, económicas, de fácil estandardização e mais susceptíveis de erro; provas de detecção antigénica com recurso à técina ELISA, e às técnicas de amplificação dos ácidos nucléicos LCA e PCR, Reacções em cadeia da ligase e da polimerase, respectivamente - mais sensíveis, mais específicas e de custo elevado; Cultura em linhas celulares susceptíveis in vitro - 100% especifíca, sensibilidade variável, morosa, díficil e dispendiosa.

Tratamento
O tratamento faz-se com a hidratação do doente e a administração oral de antibióticos, que podem também ser administrados por via endovenosa nos casos mais complicados. O mais adequado é o Ceftriaxone, seguido de Doxiciclina, podendo ser usada também a minociclina ou a azitromicina.
Os parceiros sexuais também devem ser tratados e o tratamento deve ser acompanhado de abstinência sexual.
A percentagem de curas é de aproximadamente 85%, mas mesmo assim é necessário o acompanhamento médico durante três meses após o tratamento.


Prevenção
As pessoas mais predispostas são os diabéticos, as grávidas e os homens ou mulheres com promiscuidade sexual, lesões obstrutivas da uretra ou disfunção da vesícula.
Estes grupos de risco têm que ter especial atenção, mas não quer dizer que são os únicos, todos temos que ter cuidado, nomeadamente no que respeita à higiene a ao uso de preservativo durante as relações sexuais. É igualmente importante fazer exames ginecológicos com regularidade, no caso das mulheres.

Números
É verificada uma maior prevalência no sexo feminino. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 1995, surgiram 89 milhões de novos casos, sendo a maior incidência na África Subsariana e na América do Sul.

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